segunda-feira, 27 de abril de 2009

George Orwell e o Twitter

Você provavelmente sabe o que é o Twitter, mas e George Orwell, conhece? Ele foi o autor de "1984", um livro maravilhoso, que deu origem ao nome do popular reality show Big Brother. Resumindo muito porcamente, na trama existia um "Grande Irmão" que observava e controlava a vida de todos 24h por dia. Esse livro foi escrito no final da década de 1940, mas me parece cada vez mais atual.

Temos visto muita discussão a respeito da privacidade online e até onde as empresas podem ir em busca de informações na internet. Já li pelo menos meia dúzia de matérias sobre o assunto e até saiu na capa do caderno Boa Chance do Globo de ontem, como indicou a Patrisce nos comentários do último post, e o interessante é que temos opinões extremamente divergentes.

A informação está aí, quer você queira ou não. Pensar que você se preserva, não divulga dados e nem informações pessoais é inútil, pode ter certeza de que pelo menos uma foto sua deve existir no orkut de algum amigo. Exagero meu? Nem tanto.

Você já se "googlou"? Se não, saiba que qualquer um que tenha prestado vestibular de instituições públicas, tem seu nome e cpf divulgados nas listas (tendo passado ou não). Outro exemplo: é possível buscar nos sites das empresas de listas telefônicas, números e endereços. Isso tudo sem ser hacker.

Como já deu pra perceber, não tem como fugir, mas a internet possibilita que você use esse potencial a seu favor. Lapidar uma boa imagem online é simples, demanda apenas atualização constante conforme eu citei no post anterior e por isso muita gente defende a ideia de que o seu "eu online" deve ser utilizado por empresas para agregar informações ao seu curriculum. Algumas consultorias já tem essa prática, o que pode favorecer candidatos com boa presença online e engajados em discussões ou blogs relevantes, como diz essa matéria do GloboOnline.

Outras pessoas defendem a não utilização dessas informações e tem muitos motivos para isso. Um deles é preservar a privacidade das pessoas, o que eu vejo como um argumento um pouco antiquado, já que as pessoas realmente querem se expor na internet. Outro argumento são as complicações legais que o uso dessas informações podem trazer para as companhias, como citado aqui. Mas o argumento mais plausível dos que são contra a utilização de informações da internet é aquele que fala sobre a construção de uma imagem errada, pautada em informações isoladas. Por exemplo, um candidato bem preparado, com boa experiência e currículo invejável, mas com uma foto no Facebook do Carnaval de dois anos atrás no qual ele estava "na mão do palhaço". Esse pequeno detalhe pode dar margem para inúmeras conclusões erradas e que podem desclassificar um ótimo funcionário, e até mesmo chegar a casos extremos como o daquela suíça.

O problema que enfrentamos hoje é que essa busca por informações acontece de forma desenfreada e falta o famoso bom senso. As pessoas simplesmente saem entrando em todos os links em que os candidatos aparecem, juntam uma meia dúzia de dados e traçam um perfil, que pode ser verdadeiro ou não. A internet é um espaço "público", mas precisa de regras, principalmente quando a comunicação ocorre entre pessoas e empresas. Se essa prática se tornasse institucionalizada, as companhias poderiam deixar claro nos processos de que essa busca seria feita e até poderiam incluir as informações acessadas nos dossiês dos funcionários, acabando com a aura de espionagem que temos visto.

Acredito que essa realidade não vá demorar para acontecer - já existem pessoas incluindo em seus currículos o perfil do linkedin, blogs e outros -, mas pode ser que se concretize de outra forma. Enquanto isso, continuamos a fazer o dever de casa, mantendo informações atualizadas, gerando discussões relevantes na internet e construindo aquele network. E que venha o Big Brother!

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